“Empoderamento da mulher na comunicação pública”

8 de março. Dia Internacional da Mulher. Data em que nós mulheres somos celebradas, presenteadas e por quê não dizer, idolatradas - ou quase isso. Muitas são parabenizadas pelo trabalho e pela conquista de direitos. Porém, houve um caminho árduo e doloroso para que fosse conquistado nosso espaço e ser devidamente merecido. Enquanto as grandes corporações articulam campanhas e promoções, é necessário ter em mente que essa data merece mais do que presentes, mas sim uma reflexão.

A data em si representa a luta operária, por melhores condições de trabalho, direitos trabalhistas e igualdade de salários entre homens e mulheres. A história, talvez já conhecemos bem, quando na New York de 1857 ou 1910 (segundo as diversas versões), tecelãs e costureiras fizeram greve nas fábricas e que acidentalmente - ou não - , centenas morreram queimadas no interior da mesma. Junto a isso, temos também a luta política, a libertação da mulher, a reivindicação do direito ao voto e sua inserção no sistema político. Nesta parte da história temos o levante das proletárias da Prússia de 1848 pelo direito ao voto, e a Rússia de 1917, quando operárias se declararam em greve, marcando o início da Revolução Russa.


Independente da posição geográfica, o movimento operário e político convergiu e reuniu diversas representantes, mantendo organizações socialistas em vários países para encorajar e divulgar os propósitos da luta. Nota-se que na possibilidade de disseminação de informações, foi essencial o uso da comunicação, em especial, a ocupação do espaço público. Lugar onde a informação circula livremente, pode-se discutir ideias, expor opiniões e propor soluções. Incita a participação da sociedade na formulação de políticas públicas a partir do entendimento e envolvimento no interesse público. Foi a partir da iniciativa destas mulheres operárias que conquistamos vários dos direitos que elas lutaram, outros estão progredindo, mas muitos outros ainda precisam ser discutidos. 

Temos atualmente, discussões sobre a ampliação da participação das mulheres na política como uma medida a ser inclusa na reforma política. Para se ter uma dimensão da importância de uma cota feminina no parlamento, 70% dos candidatos nas eleições de outubro de 2014 eram homens. Em compensação, 52% do eleitorado nacional era feminino. Além dessa questão, ter garantidamente uma bancada feminina iria impulsionar as leis de combate a violência, como o Feminicídio (assassinato de mulheres por sentimento de ódio ou de "perda de propriedade").

Em um país que a mulher assume o posto de chefe de família, conquistou seu espaço no mundo do trabalho em profissões dominadas por homens e ocupa mais da metade das cadeiras universitárias, é perturbador perceber que por vezes somos tratadas como inferiores. Que não temos direito a ter direitos, somos sufocadas pelo medo, vistas como alvos fáceis prontas para serem atacadas. Mesmo com tantos avanços na busca por igualdade de direitos.

Assim como as mulheres operárias do século XIX e XX, temos que ocupar mais este espaço público, mas não somente físico. O impresso, televisivo, radiofônico e o virtual. Ainda mais. Expor ideias, confrontar opiniões. Chamar a atenção da sociedade para problemas reais e tão próximos. Chamar a atenção de governantes para que tomem mais medidas de proteção e bem-estar da mulher. Mas isso não se faz da noite para o dia. É preciso persistência, coragem. Mesmo que talvez essa luta seja discutida por mais um século, esta necessita ser diária, relembrada e reforçada todos os anos.

8 de março. Luta de março.


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